guns ain't roses

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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sobre cotas, brancos alienados e sangue

Muito tem se falado de cotas desde que foi houve a mudança da porcentagem das cotas raciais recentemente. Li esse texto muito bom hoje e fiquei com vontade de falar um pouco de como me sinto confusa em relação a esse assunto.
Sempre fui contra as cotas raciais, mas agora com essas recentes discussões, tenho bastante pra pensar. Sou, como bem define a autora desse texto o esteriótipo de "estudante branco, de classe média, que faz cursinho pré-vestibular particular", meu pai é descendente de italianos, daqueles que fisicamente logo se vê as características européias. Já a minha mãe, é uma baixinha, caçula das mulheres de uma família de treze irmãos, vinda de São Luís do Maranhão, filha de um negro e de uma branca, ambos de origem humilde. O esteriótipo de estudante  que ela descreveu hoje em dia me serve muito bem, mas nem sempre foi assim. Minha primeira escola foi um jardim da infância público e sim, como a autora também disse, vou usar o argumento que meus pais trabalharam muito para me por em colégio particular e pagar cursinho. Fico pensando, se meus pais não tivessem conseguido ganhar dinheiro, ano passado teria terminado meu Ensino Médio em alguma escola pública de Brasília e no final do ano quando prestasse o vestibular, não teria tido o auxílio das cotas ao tentar ingressar na UnB.
Eu sei que trabalhar só com hipóteses é muito fácil e realmente, a questão das cotas é mais ampla do que eu apresento nesse meu pequeno texto. E não quero sentir pena de mim mesmo, ou melhor, das crianças brancas que não teriam direito às cotas pelo simples fator cor da pele. Mas o que eu não entendo é por que as cotas sócio-econômicas são tão desprezadas? Ajudaria muito e daí não haveria a questão da discriminação das crianças brancas que também são pobres e não tiveram acesso à uma boa educação.
O que vai soar para muitos é que esse é um texto de um adolescente alienada que teve todas as oportunidades e não consegue ver a realidade. Mas é justamente esse ponto, MOSTRE-ME a realidade, me explique, debata comigo o porquê, convença-me.
Porque é muito faça escrever um texto e dizer "você não sabe nada, seu porco alienado" e não argumentar com solidez e com educação.

5 comentários:

Victor Jesus disse...

A porcentagem não é somente para negros. 25% das vagas são para pessoas pobres, até um salário mínimo e meio, do restante um percentual que vai variar conforma a proporção de negros na região e o restante para colégio públicos.

Victor Jesus disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Cris Cavaletti disse...

Sim, mesmo assim o texto se aplica ao assunto das cotas raciais em geral, da existência delas.

Laura disse...

Cotas raciais são sim racismo. Racismo puro, mas disfarçado. E aqueles meus amigos negros que estudam em escola particular mas entram por cotas pela cor de sua pele? Eles estão tirando a vaga de um negro pobre. As cotas sociais são sim uma boa solução, mas uma boa solução PROVISÓRIA. O meu medo é que o governo utilize-se das cotas para mostrar: "olha como a educação no nosso país está boa! muitos dos nossos alunos de escolas públicas estão entrando em universidades federais!" quando a realidade, é que o ensino não melhorou, mas que vagas foram reservadas. Não começa-se a resolver um problema pelo topo, mas pela raíz. O governo, ao invés de "reservar" metade das vagas para cotas, deveria investir no ensino público, de modo que, a longo prazo, se criasse uma situação igualitária.
Apesar do texto ser bom, o que você indicou, é arrogante, não está levando em conta questões muito além do orgulho do branco. Aquele texto é sim sobre nós. Sobre nós e sobre todos, brancos e negros, pobres e ricos, que veem o rombo que se faz no sistema educacional do país com essa medida.

Cris Cavaletti disse...

Laura, vim um pouco tarde demais e refleti sobre o que você disse, sobre o que eu disse.
Acho que não existe essa questão de orgulho branco, pelo menos, não para mim.É só uma cor, podia ser amarela, índia, não ia fazer diferença para mim. Eu sei que é diferente para negros em geral, ser negro vai além da cor porque há preconceito na sociedade e isso é uma realidade. Mas naquele texto, não me senti particularmente tocada, não senti que ela estivesse falando em melhoria do ensino público, de auxílio a toda e qualquer minoria. E achei isso preconceituoso, mas não contra mim, mas ao branco que também é pobre e não tem condições.