guns ain't roses

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sexta-feira, 17 de junho de 2011

O desafio de se conviver com as diferenças - Enem 2007

“As diferenças são o que dão sabor às relações”. Essa é uma resposta comum quando se há um atrito entre um grupo de pessoas. Ideias diferentes, pontos de vista diferentes e mesmo preceitos morais diferentes levam um grupo de uma educada exposição de pontos de vista à uma acalorada discussão. O tal sabor dado pelas diferenças estimula um bom debate, mas também pode gerar as famosas “diferenças irreconciliáveis” que levam um casal a separar, conflitos armados no Oriente Médio e ao preconceito racial (velado como aqui no Brasil). Mas seriam realmente as diferenças as culpadas por tantos desentendimentos? Como uma sociedade que consegue unir suas diferenças e transformá-las em um adocicado sentido da vida, consegue ao mesmo tempo transformá-las no lado mais amargo da vida de muitos cidadãos?
Difícil saber quando começamos a elucidar sobre o que temos e o que não temos em comum com as pessoas que nos rodeiam. Talvez esses conflitos psicológicos nasçam um pouco depois da pré-escola, naquela fase em que a criança começa a escolher como amigo o garotinho com o maior número de carrinhos. A criança cresce em seu domo, conhecendo apenas seu mundo e acreditando que ‘seu’ mundo é o mundo padrão. Ledo engano. Ao tornar-se adolescente, a alienação continua e em algum momento criou-se o nome “bullying” para todo o ato de crueldade cometido com aquele que sofre por ser diferente do padrão, seja o mais gordinho, seja o nerd, seja o com sotaque diferente. Identificar o bullying é bom, mas ainda é muito pouco uma vez que seu combate só abrange aquele minúsculo círculo e resolve aquela ínfima parte do problema social que nós temos. Não resolvemos um terço do problema de preconceito que a sociedade acredita ter, isso sem contar o que ela realmente tem porém esses são os primeiros passos em direção ao convívio harmônico.
É uma complicada missão, a de aceitar ideias e modelos que os que se opõe aos criados por nosso próprio sistema nervoso. Questões históricas como os conflitos que permeiam o Oriente Médio são um caso muito comum ao se falar de diferenças que ultrapassam a barreira da comodidade do círculo de amigos. Esses conflitos separam famílias, matam pessoas e certamente levarão anos a serem resolvidos. Veja o caso de Israel e Palestina. Antes mesmo da questão diplomática é preciso pensar nas duas populações que cultivam o ódio uma pela outra há muitos anos e não são incentivadas por seus governantes a procurar conhecer a cultura de seu "inimigo" e nem seus motivos. Será que existiriam esses conflitos se eles buscassem se conhecer? Ou mesmo se houvesse um incentivo mínimo dos seus respectivos governantes à tolerância?
A tolerância precisa ser cultivada dentro da família, escola e desde a infância. Como já foi citado nesse texto, é na infância que começamos a descobrir quem somos, por isso, devemos mostrar a nossas crianças que as diferenças estão no mundo para que se haja um troca de experiências rica que proporcione a cada um ganhos. Não devemos esquecer que no mundo atual a tolerância é fundamental para obtermos sucesso no trabalho, em relacionamentos afetivos e em relações de amizade. A tolerância é o caminho para que cada um tenha a liberdade de ser o que é, gostar do que gosta e viver do jeito que vive seja judeu, árabe, branco, negro, homossexual, heterosexual, goste de rock, goste de pagode, viva no Brasil ou nos Estados Unidos.

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