guns ain't roses

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sábado, 7 de dezembro de 2013

O que seríamos se fossemos

Ontem de manhã entrei no facebook e me deparei com uma publicação falando sobre a camiseta que o Sigma entregou para os alunos com os seguintes dizeres "Eu ainda não sei as perguntas, mas já sei as respostas.". Para resumir o badalo, meu amigo criticava uma menina (num bom sentido de criticar, sem deboches e etc, ok?) que por sua vez criticava o sistema educacional brasileiro através do Sigma.
Não vou entrar no mérito da questão porque já entrei nessa discussão uma vez, mas o ponto é que esse como tantos outros temas me fazem lembrar de um dos primeiros textos reflexivos que li quando entrei na faculdade, no meu primeiro dia no lugar onde trabalho. O texto é um discurso feito por um paraninfo de uma turma de graduação e fala basicamente sobre carreira e esforço, mas é um texto que causa uma excelente reflexão.
Uma das coisas que mais me marcou nesse texto é esse trecho abaixo:

    Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo que ele faria, se fizesse alguma coisa. Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta de noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansear, não sabem perder a pose, porque não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar.
Acho esse trecho fantástico especialmente pela parte grifada. Foi nisso que fiquei refletindo ontem, pensando em como diversas vezes somos apenas visionários, porém não estrategistas. Como muitas vezes somos pessoas que sonham, sonham e nunca de fato, criam uma maneira de alcançar o que queremos.
Vamos pegar esse exemplo do sistema educacional. 
Todos sabemos que o vestibular não é um método que avalia competências de um aluno, avalia apenas os resultados. Isso fez com que as escolas começassem a vender por resultado (vide Sigma, Galois e etc) e que a educação se tornasse mercadoria. Isso fez com que poucos tivessem acesso à faculdade e ninguém tivesse uma formação real dentro dos colégios. Quando digo formação me refiro à uma formação diferente referente à cidadania, senso crítico, valores e etc. Poucos colégios (arrisco a dizer nenhum), consegue realizar essa tarefa de formação, que acaba ficando para a Universidade.
Agora, vamos pegar o exemplo dos EUA. Lá as pessoas costumam ir para escolas públicas e juntar dinheiro para ingressar em uma universidade particular. Lá se preza formação extra-curricular uma vez que se avalia muito o que o cidadão fez além da sala de aula (clube de debates, trabalho voluntário e etc). Ou seja, a ideia é que as pessoas já cheguem com essa formação que aqui no Brasil a gente só consegue quando está na faculdade e se observarmos bem, na pública, pois infelizmente são raras as instituições particulares que de fato prezam por um formação extraclasse.
Enfim, dei muitas voltas para dizer que de fato, vislumbrar uma solução para esse problema parece complicado. Não sei se vocês concordam comigo que esses são alguns dos problemas principais e que só "injetar mais verbas na educação pública básica" não é a solução. Eu pelo menos acredito que não. Será que é a gestão de escolares? Também não sei.
O ponto todo é que é fácil devanear e pensar em diversas causas, construir várias críticas, mas o que é que podemos de fato fazer diferente? O que faríamos se fizéssemos?
E é isso que me incomoda em visionários. Eu inclusive.
Por exemplo, alunos da UnB. Nas horas vagas somos todos críticos profissionais. Criticamos o sistema de saúde e o sistema educacional, falamos mal dos políticos, da sociedade em vigência atualmente. Infelizmente, se você for lá vai descobrir que não aproveitamos nem 20% do que a UnB nos proporciona, a começar pelas aulas.
Ei, Cristina, que discurso hipócrita!
É verdade, mas acredite, isso é algo que penso com muita frequência e que de fato me incomoda.
Então, eu proponho essa reflexão a todos... O que faríamos se fizéssemos?
Graças a Deus tem gente que faz.
Quero mencionar aqui, sem propaganda maluca, nem nada, que tem algumas iniciativas que eu admiro de gente que foi lá e fez em relação à mudança na educação, mudança na Universidade e que acho que um dia caminhará para expansão para mudanças de valores na nossa sociedade que tantas vezes é passiva. A galera da Veredicto, da gestão do CADir em vigência (Maracatu Atômico) da Concentro e por último uma menção à Perestroika, que tem esse lema de "vai lá e faz". Tem tantas iniciativas legais e a gente pode mais!
Sei lá, esse texto pode ser meio hipocritazão, mas acredito que cada um tem um potencial gigante de mudar o mundo, mas que às vezes a gente fica sentado enxergando o mundo passar e sendo só quem a gente seria, se fossemos. Eu quero mudar isso porque lá na frente não quero ter sido só mediana.
Parabéns para quem chegou até o final! Se você quiser deixar sua opinião lá embaixo, vou ficar bem happy!

E por fim... O que seríamos se fossemos?

2 comentários:

Teo :D disse...

Então, acho que aqui dá pra comentar melhor do que no fb. Sempre achei, desde sei lá, os 13 anos de idade, que o erro primordial está no método que as nossas universidades usam pra selecionar alunos, como você disse. Selecionar estudantes sem levar em conta sua capacidade de empreendedorismo, sem levar em conta sua multidisciplinariedade e criatividade são pra mim, erros crassos da nossa educação superior, pelo menos a pública. Mas o ciclo da educação não se resume à universidade. Então, sim, precisamos de reformas urgentes, e todos sabemos disso. Acontece que essa reforma não vai partir dos políticos, não vai partir da presidente, e de mais ninguém. Vai partir de nós, estudantes, que temos algum discernimento de que a situação está errada. Não estou falando aqui de ir pra rua ficar gritando sobre o que quer que seja. Lógico, isso também! Mas acredito ser muito mais efetivo quando alguém toma uma iniciativa própria e age! Além dos exemplos que você deu, posso citar também as equipes de competição da UnB, os alunos que participam efetivamente de projetos de extensão, como a SiNUS e o Elektron e mudam de fato o ambiente onde vivem. O problema é que essa é a menor parte dos estudantes. Pouquíssimos tem a cultura empreendedora que você citou. Sim, por que empreendedorismo não são só startups, empresas grandes ou pequenas ou mesmo a banquinha de limonada. Lógico, também são, mas vai muito além disso. Empreendedorismo são todos as pessoas que de fato tomam uma atitude. Seja o cara que lidera um trabalho em grupo, a garota que vende bombons ou mesmo um blog, como esse. Empreendedorismo, na minha opinião, é atitude. Pensar e fazer, botar a mão na massa. É esse pensamento que falta nos nossos políticos, servidores e bem preocupantemente, estudantes :D

Felipe Damaceno disse...

Belíssimo texto, colega!! Concordo totalmente com as suas observações, falta muita práxis nas nossas ações pela universidade. Mas só gostaria de fazer alguns adendos e uma sugestão:O Veredicto é um projeto de estudantes de Direito da UnB, que surgiu durante a Gestão do Maracatu Atômico, o qual não tem nenhuma participação além do fomento aos projetos de extensão da FD. Além do Veredis, no Direito existem outros dois projetos que tratam de educação popular: A UVE (Universitários Vão à Escola) e as PLPs (Promotoras Legais Populares);D